A pesquisadora e assistente social Brene Brown em seu livro “A coragem de ser imperfeito” define o papel do Líder como alguém que assume a responsabilidade de descobrir o potencial de pessoas e situações. Portanto, ser Líder nada tem a ver com cargo, status ou quantidade de subordinados.
Mas como revelar o potencial das pessoas sem que elas possam se mostrar por inteiro? Como incentivar que nossas equipes exponham suas idéias e comuniquem o que pensam nos ambientes corporativos que em sua grande maioria, estão contaminados pela cultura do medo e da vergonha? É aí que entra a Vulnerabilidade, como competência fundamental para uma Liderança que deseja potencializar a inovação, a criatividade e o aprendizado contínuo.
Em ambientes em que o medo de errar e a vergonha de se expor dominam as relações entre as equipes e seus gestores, as pessoas não se sentem motivadas a contribuir com o seu melhor e fazem de tudo para manter o status quo. O alto desempenho passa a ser visto como uma ameaça à segurança e à estabilidade de todos, e os comportamentos que se perpetuam na maior parte das vezes, são os que reforçam a mediocridade, o protecionismo e a complacência. Este padrão de cultura corporativa pode ser denominado padrão da escassez, onde o conformismo e a falta de motivação para algo que seja surpreendente ou além das expectativas, transforma as organizações em ambientes de estagnação e muitas vezes até inóspitos e desumanos.
A reumanização do trabalho depende de uma Liderança corajosa, que abrace a vulnerabilidade e o enfrentamento à vergonha como parte fundamental do aprendizado e do desenvolvimento profissional e pessoal de suas equipes. No seu livro, Brene Brown chama esta atitude de compromisso perturbador. Não é fácil ter conversas honestas e corajosas sobre vergonha e medo, principalmente porque esses sentimentos foram cristalizados em nós desde a época da escola. O bullying, o preconceito com o “diferente”, os favoritismos, o assédio e a culpa muitas vezes não são combatidos nos ambientes escolares, nós acabamos nos acostumando com a falta de ousadia e nos tornamos refém da vergonha e do medo. Em sua pesquisa sobre “vergonha funcional”, a pesquisadora entrevistou homens e mulheres sobre suas experiências no ambiente escolar e 85% deles se lembraram de algum episódio de vergonha que afetou sua criatividade, muitos deles escutaram de seus professores que não eram bons o suficiente em algo ligado a sua produção criativa: escrita, música, dança e etc.
Em grande parte dos ambientes corporativos isso não é diferente, a Liderança constantemente utiliza a vergonha como ferramenta de controle através de críticas na frente dos colegas, repreensões públicas, tratamento do erro com represálias, ou um sistema de recompensas que humilha as pessoas. Portanto, a Liderança tem a responsabilidade de combater a vergonha e o medo através prática da vulnerabilidade. Os líderes precisam ser exemplo de atitudes vulneráveis que promovam o desenvolvimento das pessoas e que demonstrem que admitir uma falha, uma falta de conhecimento ou uma deficiência não é sinônimo de fraqueza, muito pelo contrário, demonstra coragem para pedir ajuda e o desejo de melhorar. O Líder super herói, que tem a resposta para tudo, que dá conta de tudo, não encoraja a equipe a se expor, a contribuir com sua criatividade, a colocar o seu diferencial no jogo. E todos passam a agir como máquinas, como partes de uma engrenagem sem vida, e muitas vezes não revelam seus maiores talentos. Por isso Líderes, segue aqui um chamamento para que vocês humanizem as organizações com atitudes que estimulem a confiança, como: vulnerabilidade, empatia, respeito, credibilidade, imparcialidade e comunicação assertiva e corajosa. E pode confiar que as pessoas retribuirão com ousadia e alta performance!